sábado, 31 de dezembro de 2011

Vinicius de Moraes


A uma mulher




Quando a madrugada entrou eu estendi o meu peito nu sobre o teu peito 
Estavas trêmula e teu rosto pálido e tuas mãos frias 
E a angústia do regresso morava já nos teus olhos. 
Tive piedade do teu destino que era morrer no meu destino 
Quis afastar por um segundo de ti o fardo da carne 
Quis beijar-te num vago carinho agradecido. 
Mas quando meus lábios tocaram teus lábios 
Eu compreendi que a morte já estava no teu corpo 
E que era preciso fugir para não perder o único instante 
Em que foste realmente a ausência de sofrimento 
Em que realmente foste a serenidade.

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